sábado, 19 de novembro de 2011

Vista de dentro

Visto aquele vestido colorido,
coloco meu chapéu e meus óculos,
prendo o sapato nos meus pés.
Ponho meu casaco comprido.
Passeio entre as ruas, sentido o vento em meu rosto.
Tiro algumas fotos e tomo um sorvete.
Vou ao meu apartamento e bebo um whisky, ponho aquele som.
Deslizo os dedos nos imóveis, me sinto cansada.
Por dentro e por fora.
Fico bêbada e começo a escrever,
espalho todos os papéis pela sala,
deito sobre eles e sentindo o ritmo da música,
Pego um cigarro velho, amassado na última gaveta e os aprecio,
como se nunca tivesse fumado antes.
Me maqueio, e coloco minha melhor roupa.
Saio as ruas, com minha bolsa e meus pensamentos.
Entro no bar, encontro pessoas, beijo algumas bocas.
Conheço alguns iguais a mim, tomo uns comprimidos e começo a viajar.
Tudo é tão lindo nesse mundo, colorido e calmo,
as pessoas parecem flutuar e todo mundo é feliz.
Bebo alguns drinks e acabo me afastando.
Quero sentir o vento em meu rosto,
começo a correr, querendo fugir do vazio,
mas ele me alcança, começo a chorar no mesmo instante,
a maquiagem fica toda borrada, chego em minha casa e deito em cima dos papéis rabiscados.
Depois de algumas horas, me recupero, tomo um banho quente, leio um livro e me imagino vivendo outra vida que não essa. Não consigo, estou perdida.
Dou voltas e voltas pelo país, vivo várias vidas mas sempre acabo voltando para o meu mundo, meu único mundo, de onde nunca deveria ter saído.
Coloco meus sapatos e meu vestido colorido,
bebo um vinho e saio para me divertir.
Conheço algumas pessoas que mudarão minha vida,
e que compartilharão comigo todos esses pensamentos.
Não estou sozinha e nunca estarei, pois agora tenho um sorriso estampado em minha face.
Quero sentir o vento em meu rosto...
E agora eu corro, me sentindo preenchida, vivida.
É, estou simplesmente vivendo minha vida.

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