segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Another Life

Um dia você me encontrará.
Eu estarei distante de tudo.
Não serei mais a mesma.
Talvez meu sorriso irá mudar,
ou apenas minhas roupas e meu estilo.
Talvez terei outros pensamentos, outras atitudes.
Amadurecerei ou talvez apenas compreenderei a vida.
A mesma não serei. Serei melhor.
Mais viva, mais batalhadora, mais positiva. Mais intensa.
E quando você me encontrar, me fale sobre sua vida.
Sobre seu trabalho e seus planos.
Deixe-me sentir em casa novamente.
Como se nada houvesse mudado.
Como se o tempo não tivesse passado.
Me leve para tomar um café, ou dar uma caminhada no fim da tarde.
Diga coisas boas sobre minha cidade e, sobre você.
Quero ouvir da sua boca que certas coisas nunca mudam,
que por mais que tudo fosse diferente agora,
que fossemos outras pessoas,
ainda restasse algum resquício do que fomos juntos um dia.
Me pergunte sobre como me sinto, como estou vivendo essa nova fase da minha vida,
Mostre-me que você tem algum interesse, mesmo que seja mínimo.
Deixe-me pensar que ainda existe aquele garoto dentro de você.
E que ele ainda me quer, de algum jeito.
Me leve naquele bar, onde sentamos por umas 3h e nos aproximamos aos poucos.
Ou me deixe em casa, depois de uma tarde a céu aberto.
Vamos tomar uma cerveja e ouvir as músicas que gostamos.
Alugue aquele filme que você sabe que eu gosto, e que você ama,
para gente assistir mais umas quinhentas vezes e,
ficarmos adivinhando as falas dos personagens.
Finja que ainda se importa.
Pegue na minha mão e diga novamente que estou linda,
mesmo com o cabelo bagunçado.
Se nada disso for mesmo verdade, se sua vida é totalmente outra,
Me diga que fui, a parte mais linda dela,
e que mesmo que já sai de sua vida, nada nunca mais será igual.
Se não pudermos escrever uma história nova, registre a antiga,
para a revivermos sempre que quisermos.
Não acharei ninguém que goste,
tanto quanto gostei de você.
Às vezes tudo muda, como mudei.
Às vezes algumas coisas ficam intactas, como dentro de mim.
Assim exatamente como você deixou....
Assim exatamente como eu quero deixar em você também.

sábado, 19 de novembro de 2011

Miss

Saudades do parque onde eu brincava,
e via o sol se pôr toda a tarde.
Saudade da mesa do café da manha, tudo tão fresco.
Saudade do entardecer com os amigos,
as bebidas e zueiras que faziamos pela cidade.
Saudade dos meus brinquedos, de quando eu era livre.
Sinto falta do cheiro da minha cidade, das árvores,
dos carros andando e se movimentando...
das pessoas apressadas e dos sorrisos esvairados.
Sinto falta das tempestades, em que molhavam a alma.
da escola, da faculdade, dos bares.
Sinto falta de dançar ao som da minha música.
Sinto falta das pessoas que conheci,
das alegrias que experimentei.
Sinto falta do tempo, do vento e do sol,
principalmente do mar e de suas ondas,
que sempre dispertava o melhor dos meus pensamentos.
Sinto falta das coisas que aprendi,
das festas de família, das viagens...das lembranças tão doces e tão vivas.
Agora tudo mudou...
Saudades é algo muito forte,
Só quem sente, sabe.
E ela preenche todos os campos do meu ser e esgota todas as minhas forças.
Saudades, saudades.
Agora sei que ela é prova de que vivi,
e que tudo valeu a pena,
sempre vale.

Vista de dentro

Visto aquele vestido colorido,
coloco meu chapéu e meus óculos,
prendo o sapato nos meus pés.
Ponho meu casaco comprido.
Passeio entre as ruas, sentido o vento em meu rosto.
Tiro algumas fotos e tomo um sorvete.
Vou ao meu apartamento e bebo um whisky, ponho aquele som.
Deslizo os dedos nos imóveis, me sinto cansada.
Por dentro e por fora.
Fico bêbada e começo a escrever,
espalho todos os papéis pela sala,
deito sobre eles e sentindo o ritmo da música,
Pego um cigarro velho, amassado na última gaveta e os aprecio,
como se nunca tivesse fumado antes.
Me maqueio, e coloco minha melhor roupa.
Saio as ruas, com minha bolsa e meus pensamentos.
Entro no bar, encontro pessoas, beijo algumas bocas.
Conheço alguns iguais a mim, tomo uns comprimidos e começo a viajar.
Tudo é tão lindo nesse mundo, colorido e calmo,
as pessoas parecem flutuar e todo mundo é feliz.
Bebo alguns drinks e acabo me afastando.
Quero sentir o vento em meu rosto,
começo a correr, querendo fugir do vazio,
mas ele me alcança, começo a chorar no mesmo instante,
a maquiagem fica toda borrada, chego em minha casa e deito em cima dos papéis rabiscados.
Depois de algumas horas, me recupero, tomo um banho quente, leio um livro e me imagino vivendo outra vida que não essa. Não consigo, estou perdida.
Dou voltas e voltas pelo país, vivo várias vidas mas sempre acabo voltando para o meu mundo, meu único mundo, de onde nunca deveria ter saído.
Coloco meus sapatos e meu vestido colorido,
bebo um vinho e saio para me divertir.
Conheço algumas pessoas que mudarão minha vida,
e que compartilharão comigo todos esses pensamentos.
Não estou sozinha e nunca estarei, pois agora tenho um sorriso estampado em minha face.
Quero sentir o vento em meu rosto...
E agora eu corro, me sentindo preenchida, vivida.
É, estou simplesmente vivendo minha vida.

Coisas da vida.

Peguei o trem,
meus pés pareciam descalços de tanto frio.
A neve caia lá fora.
E eu viajando nas músicas que estava ouvindo.
De repente você passou e olhou para mim como se já me conhecesse.
Não pude evitar e desviei os olhos,
quando olhei de volta, você sorriu e sustentou meu olhar,
e eu sorri de volta.
Descemos na mesma estação, coincidência ou não, acabamos conversando.
Você deu uma de perdido e perguntou onde ficava a rua da livraria Boll.
E eu lhe expliquei e dei a desculpa que estava indo para lá.
Fomos conversando no caminho como amigos antigos.
Compramos uns livros e você foi até a porta da minha casa comigo, pois era também "seu caminho".
Dia seguinte, à noite, achei que não te veria mais, e você simplesmente estava sentado à minha porta com meu livro na mão que eu havia esquecido contigo.
A partir daí começamos a nos ver sempre, um sorvete aqui, uma livraria ali, um cinema, um jantar, um pub, uma ida à praia, um banho de chuva, uns desencontros, uma saidas com os amigos, alguns meses, alguns anos, viagens e planos, amores e brigas, intensidade e carinho, noivado, mais e mais planos, felicidade.
E em um piscar de olhos tudo isso havia acabado.
Te encontro nas esquinas às vezes com sua nova mulher, e seus filhos, indo tomar um sorvete, passeando na livraria, indo ao cinema, ou ao pub do lado de casa, tomando chuva como se fosse criança, conhecendo os amigos dela, e meus planos com você, hoje você faz com ela.
Hoje sento no trem, num dia frio.
Olho para os lados e não encontro ninguém como você, ando pelas ruas e nada mais me surpreende. Nenhuma mão se encaixa como a sua se encaixou um dia.
Tomo um porre na esquina, penso na vida, passou mal, pego um táxi e vou para casa.
Checo meu celular mil vezes, junto com e-mail e mensagens instantâneas.
Olho o correio, fico esperta com as buzinas dos carros nas ruas, vejo nossos vídeos.
Me odeio por isso e choro, e me odeio mais ainda.
O tempo passa e acabo me descobrindo, e me dou conta que você ficou perdido em algum tempo da minha vida que eu não acho mais e nem quero achar.
Tudo agora faz sentido, e eu sigo meu caminho.
E você se torna a lembrança mais doce em minha vida, até aparecer alguém e roubar o seu lugar, pois é isso que acontece, a vida caminha assim e eu a aprecio como nunca a apreciei antes.
Eu ando no trem e não quero mais te encontrar, pois, a vida já me encontrou, e eu agora respiro em paz.