sábado, 19 de novembro de 2011

Coisas da vida.

Peguei o trem,
meus pés pareciam descalços de tanto frio.
A neve caia lá fora.
E eu viajando nas músicas que estava ouvindo.
De repente você passou e olhou para mim como se já me conhecesse.
Não pude evitar e desviei os olhos,
quando olhei de volta, você sorriu e sustentou meu olhar,
e eu sorri de volta.
Descemos na mesma estação, coincidência ou não, acabamos conversando.
Você deu uma de perdido e perguntou onde ficava a rua da livraria Boll.
E eu lhe expliquei e dei a desculpa que estava indo para lá.
Fomos conversando no caminho como amigos antigos.
Compramos uns livros e você foi até a porta da minha casa comigo, pois era também "seu caminho".
Dia seguinte, à noite, achei que não te veria mais, e você simplesmente estava sentado à minha porta com meu livro na mão que eu havia esquecido contigo.
A partir daí começamos a nos ver sempre, um sorvete aqui, uma livraria ali, um cinema, um jantar, um pub, uma ida à praia, um banho de chuva, uns desencontros, uma saidas com os amigos, alguns meses, alguns anos, viagens e planos, amores e brigas, intensidade e carinho, noivado, mais e mais planos, felicidade.
E em um piscar de olhos tudo isso havia acabado.
Te encontro nas esquinas às vezes com sua nova mulher, e seus filhos, indo tomar um sorvete, passeando na livraria, indo ao cinema, ou ao pub do lado de casa, tomando chuva como se fosse criança, conhecendo os amigos dela, e meus planos com você, hoje você faz com ela.
Hoje sento no trem, num dia frio.
Olho para os lados e não encontro ninguém como você, ando pelas ruas e nada mais me surpreende. Nenhuma mão se encaixa como a sua se encaixou um dia.
Tomo um porre na esquina, penso na vida, passou mal, pego um táxi e vou para casa.
Checo meu celular mil vezes, junto com e-mail e mensagens instantâneas.
Olho o correio, fico esperta com as buzinas dos carros nas ruas, vejo nossos vídeos.
Me odeio por isso e choro, e me odeio mais ainda.
O tempo passa e acabo me descobrindo, e me dou conta que você ficou perdido em algum tempo da minha vida que eu não acho mais e nem quero achar.
Tudo agora faz sentido, e eu sigo meu caminho.
E você se torna a lembrança mais doce em minha vida, até aparecer alguém e roubar o seu lugar, pois é isso que acontece, a vida caminha assim e eu a aprecio como nunca a apreciei antes.
Eu ando no trem e não quero mais te encontrar, pois, a vida já me encontrou, e eu agora respiro em paz.

Nenhum comentário: