quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Rua Augusta

Ainda te encontrarei sentado na calçada da Augusta, bebendo sua Stella gelada, talvez fumando um cigarro mesmo que não goste do cheiro. Você estará em frente aquele bar que nos encontramos umas duas ou três vezes e saímos lentamente embriagados com a mistura da nossa própria liberdade. Você, com seu famoso coturno e camiseta branca que lhe caem tão bem, irá me reconhecer de imediato, talvez vai fingir que não me viu, mas não irá resistir. Vai admirar como eu ainda fico bem com aquele vestido roxo e aquela meia calça que você "sem querer" rasgou naquela noite quente de verão, sentado no chão do meu quarto, aquele mesmo dia em que disse que meus olhos eram grandes e os mais lindos que viu na vida, pois eles te arrepiavam. Irá ensaiar sobre vir me dar um oi, ou esbarrar em mim com quem não quer nada, talvez até passar na minha frente várias vezes para eu te notar. Ao invés disso tudo, decide ficar onde está, com sua insegurança e seu famoso orgulho. Eu olharei pelo canto do meu olho como o seu sorriso combina tão bem com seu rosto e como ele me faz falta naqueles dias que eu acho que mais nada tem graça. Suas roupas combinam com as minhas, seu jeito alternativo combina com seu estilo sarcástico de ser, e como esse estilo se encaixava tão bem no meu jeito inocente de ver a vida. Não saberei se falo com você, assim, com quem não quer nada, com quem não sente a mínima saudade, ou se fico te encarando até vir me da um oi, aquele seu oi desajeitado que me dava toda vez que não sabia se me beijava na boca ou não. Ao invés disso pego a minha Heineken e fico pensando como chegar em você e não demostrar que uma parte de mim te quer, ali mesmo, na calçada, com um monte de gente estranha perto. Um momento de sua distração, dou uma afastada para te encarar melhor, e analiso a cara de desespero que você faz quando não me vê mais por perto, quando não me tem ao seu alcance. Decido ir ao banheiro, você conhece as minhas vontades súbitas de fazer xixi, e preciso estar 100%  a vontade para te dar oi, mas assim que retorno você não está mais ali, e nem aqui e nem lá. De repente vejo você subindo a rua, apressado, indo embora, não consigo fazer nada, apenas analiso a forma ridícula e fracassada como te deixo ir, de novo, mais uma vez.

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