Peguei o trem,
meus pés pareciam descalços de tanto frio.
A neve caia lá fora.
E eu viajando nas músicas que estava ouvindo.
De repente você passou e olhou para mim como se já me conhecesse.
Não pude evitar e desviei os olhos,
quando olhei de volta, você sorriu e sustentou meu olhar,
e eu sorri de volta.
Descemos na mesma estação, coincidência ou não, acabamos conversando.
Você deu uma de perdido e perguntou onde ficava a rua da livraria Boll.
E eu lhe expliquei e dei a desculpa que estava indo para lá.
Fomos conversando no caminho como amigos antigos.
Compramos uns livros e você foi até a porta da minha casa comigo, pois era também "seu caminho".
Dia seguinte, à noite, achei que não te veria mais, e você simplesmente estava sentado à minha porta com meu livro na mão que eu havia esquecido contigo.
A partir daí começamos a nos ver sempre, um sorvete aqui, uma livraria ali, um cinema, um jantar, um pub, uma ida à praia, um banho de chuva, uns desencontros, uma saidas com os amigos, alguns meses, alguns anos, viagens e planos, amores e brigas, intensidade e carinho, noivado, mais e mais planos, felicidade.
E em um piscar de olhos tudo isso havia acabado.
Te encontro nas esquinas às vezes com sua nova mulher, e seus filhos, indo tomar um sorvete, passeando na livraria, indo ao cinema, ou ao pub do lado de casa, tomando chuva como se fosse criança, conhecendo os amigos dela, e meus planos com você, hoje você faz com ela.
Hoje sento no trem, num dia frio.
Olho para os lados e não encontro ninguém como você, ando pelas ruas e nada mais me surpreende. Nenhuma mão se encaixa como a sua se encaixou um dia.
Tomo um porre na esquina, penso na vida, passou mal, pego um táxi e vou para casa.
Checo meu celular mil vezes, junto com e-mail e mensagens instantâneas.
Olho o correio, fico esperta com as buzinas dos carros nas ruas, vejo nossos vídeos.
Me odeio por isso e choro, e me odeio mais ainda.
O tempo passa e acabo me descobrindo, e me dou conta que você ficou perdido em algum tempo da minha vida que eu não acho mais e nem quero achar.
Tudo agora faz sentido, e eu sigo meu caminho.
E você se torna a lembrança mais doce em minha vida, até aparecer alguém e roubar o seu lugar, pois é isso que acontece, a vida caminha assim e eu a aprecio como nunca a apreciei antes.
Eu ando no trem e não quero mais te encontrar, pois, a vida já me encontrou, e eu agora respiro em paz.
Mostrando postagens com marcador things things. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador things things. Mostrar todas as postagens
sábado, 19 de novembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)